Título: A filha ideal.
Autora: Aoine Simões.
Editora: Independente - Increasy Consultoria Literária
Número de Páginas: 110.
Ano de Publicação: 2020.
A filha ideal da Aoine Simões faz parte de uma antologia, composta de uma série de novelas, denominadas Femme Fatale, escritas por autoras nacionais, a proposta é a releitura de algumas histórias de personagens femininas do conto de fadas ou da literatura. Como já deve ter ficado notório pelas informações acima, é um livro curtinho, não chega a 200 páginas, justamente por isso é uma leitura feita de forma rápida.
O livro é uma releitura da Jasmin do Alladin que foge do esperado e supreende. A personagem principal é a Yasmim, uma cantora brasileira de sucesso que está na mídia desde criança, ela é a queridinha do Brasil e a filha ideal, pois sempre seguiu as ordens e viveu perfeitamente sobre o manto de Almir Abdala, pai e empresário da jovem.
Só que por mais que sua vida tenha ares de perfeição, Yasmim está cansada de cantar músicas que não se identifica e de posar de exemplo e ideal, tudo isso dificulta a mesma no seu processo de descobrimento, já que não sabe mais quem ela é verdadeiramente e o que quer fazer da sua vida profissional e pessoal.
Assim, o trunfo do livro é narrar esse processo de descoberta de Yasmim. A narrativa é organizada em forma de diário escrito pela personagem a fim de desabafar suas insastifações, dessa forma, conhecemos Yasmim e seus pensamentos. Além disso, a história tem toda uma relação com a mídia, por conta da protagonista ser uma cantora famosa no Brasil, a autora também teve o cuidado de acrescentar manchetes de matéria sobre a mesma e os outros personagens da história, o que considero um ótimo elemento para trama, uma vez que serviu de fonte para questionamentos e abordagem de temas necessários.
"A filha ideal" é uma história que tem um claro proposito de instigar algumas reflexões, durante as poucas páginas da obra é realizada uma crítica aos padrões estabelecidos pela mídia e, consequentemente, a representação da mulher na mídia, mas também um debate em torno dos papéis de gênero na sociedade, sobre a voz da mulher, sobretudo no que diz respeito a encontrar a sua própria voz, ser livre e ser você mesmo.
No tocante ao elemento romance na trama, ele realmente não é o foco, longe disso. Isso basicamente me supreendeu, pois a história não cair no lugar comum de introduzir um enlace amoroso, ele é introduzido, só que as mudanças procedentes na protagonista é um processo de autodescoberta e uma decisão plenamente dela. Basicamente, ela não ver a necessidade de mudar porque um homem apareceu na vida dela e mostrou que ela devia mudar, a Yasmim muda por ela mesma, um processo que transcorre durante toda a narrativa.
Gosto também de como a música tem um papel importante nessa jornada, já que a medida que a protagonista vai criando seus versos, podemos perceber que o aspecto dela tentar,riscar e refazer é um reflexo do próprio processo dela de reivenção de si mesma. A música nesse sentido é libertadora para a personagem.
Por fim, a experiência de leitura da "A filha ideal" foi rápida, gostosa e cheia de reflexões e eu gostei. O único aspecto que, talvez, eu coloque como algo que não tenha gostado, mas que compreendo pela proposta da história ser uma novela são os diálogos que queria mais e a acompanhar mais detalhes da vida da protagonista o que, principalmente no fim, fiquei sentindo falta, para não ficar raso.